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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Onde está a criança com deficiência?



(Desenho com três fileiras de crianças, exatamente iguais)

Seguramente você já sabe! É o terceiro da segunda fila.
Se olhar melhor, pode ser que seja o quinto da terceira fila, ou o quarto da primeira...
Na realidade, não importa, pois são todos crianças, ou seja, são iguais.
E, pode ser que alguém diga que alguns são mais iguais que outros, não há dúvida: todos são diferentes!
Todos são iguais. Todos são diferentes.
Como distinguir uma vida de outra vida, uma criança de outra criança?
Se falamos de seres humanos, é possível distinguir alguma coisa mais que diferenças de gênero?
Ainda quer observar melhor???

APADEM - ASSOCIAÇÃO DE PAIS DE AUTISTAS E DEFICIENTES MENTAIS

EM FAVOR DE "TODAS" AS CRIANÇAS, E CONTRA A DISCRIMINAÇÃO!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Qual a melhor escola para seu filho?

(Foto de um teclado de computador, com a tecla do ponto de interrogação em destaque)

ESSE GUIA DE AJUDA SERVE PARA PAIS QUE TEM FILHOS DEFICIENTES OU NÃO

Uma das primeiras coisas com que você vai se deparar ao escolher a escola de seu filho é uma porção de nomes e conceitos. Antes de deixar que dêem um nó na sua cabeça, saiba que em educação os conceitos são a base, claro, mas não são tudo.
As linhas pedagógicas da história da educação ainda vigoram e você terá muitas opções. Para conhecer, vai ter de entrar na escola, perguntar, observar, conversar muito. Não para se intrometer no projeto, mas para, quem sabe, ser conquistado por ele. "O olhar do pai é fundamental para saber se a escola tem um ambiente acolhedor", afirma a pedagoga Maria da Graça Souza Horn.
Sim, você tem muito trabalho pela frente. Não há receita pronta quando o assunto é escolher a escola ideal para uma criança. Para ajudar você nessa tarefa, preparamos um guia para você descobrir o que realmente é preciso entender de educação para seu filho começar da melhor forma essa relação que dura a vida toda,

Para escolher bem, você precisa saber se...

... as portas estão mesmo abertas 
Você tem direito de falar com a diretora, a coordenadora, o professor, o cozinheiro, o faxineiro. Pode andar pelas salas, pátios, banheiros, observar tudo. "O espaço fala mesmo que a gente não queira escutar", diz a pedagoga Maria da Graça, da UFRGS. Mas, claro, duvidar tem limite. Para criar uma relação de confiança, o respeito vale para os dois lados. A escola que limita a passagem dos pais tem alguma coisa errada.
... o projeto pedagógico é claro 
As linhas pedagógicas da educação permeiam, principalmente, quatro direções: a tradicional, a que segue idéias do construtivismo, a montessoriana e a Waldorf. Mas nomes não bastam. Os projetos pedagógicos são os princípios que vão nortear todas as práticas na escola, desde o fato de priorizar alfabetização ou não, ao tipo de brincadeira a ser estimulada, passando pela forma como os espaços interno e externo são distribuídos. Em muitas há influência de mais de uma linha, o que não é necessariamente um problema. A dificuldade fica por conta dos pais, que querem entender logo que tipo de aprendizado o filho terá. Segundo o filósofo Paulo Ghiraldelli Jr., autor de História da Educação Brasileira (Cortez Editora), até os anos 80 a divisão era mais clara. "O que importa é que a escola tenha um projeto pedagógico, uma linha a seguir. É como acontece com o método de alfabetização. Não é preciso ensinar a criança a ler assim ou de outro jeito: é preciso ensinar a criança a gostar do livro."
... não só gostam de crianças 
"Claro que é preciso gostar de criança para trabalhar em escola, mas o profissional precisa gostar é de educação", diz o educador Marcelo, da Estilo de Aprender. Na escola não há criança, há aluno. "Lá, ela interage de modo diferente do que na praia, no clube", afirma o educador. Ele é quem substituirá, por horas, os pais como modelo de adulto e o que ele disser vira "lei". "É uma relação direta. O que a professora disser ser legal, bonito, gostoso a criança vai gostar. Principalmente na educação infantil, valor e conteúdo estão juntos. Se você dá valor ao livro e vê o professor passando em frente de uma livraria sem olhar para ela, é esse o recado que ele vai passar. Da mesma forma, se os pais não são letrados e a criança ama poesia, pode apostar: a professora tem livros ao redor dela", diz o filósofo Ghiraldelli Jr.
O professor funciona como vitrine da escola. É ele quem mostra o que a instituição pensa sobre ensinar, quem instiga a curiosidade, quem faz o dia-a-dia ser interessante. Mais: quem nos inquieta e nos faz ir em busca de conhecimento. E não é assim o jeito gostoso de aprender?
... o professor continua aprendendo 
Os especialistas são unânimes: a formação de um educador deve ser contínua. "Na Espanha, o professor de educação infantil é mais bem pago, porque a especialização dele é ainda maior, tem de entender do desenvolvimento da criança, não é só transmissão de conteúdo", diz Angela Martins, coordenadora de educação infantil do Colégio Dante Aliguieri. O ideal é que se defina um espaço para esse aprendizado na própria escola, para que os professores estudem, reúnam-se, discutam em que escola estão e qual caminho vão seguir.
... o discurso não é vazio 
Pergunte, pergunte, pergunte. Na hora de discursos prontos como "esta escola incentiva a autonomia", ou dos confusos como "utiliza processo transdisciplinar", emende imediatamente um "como assim?". Peça exemplos, casos, situações, conquistas. Tente entender no cotidiano como isso se dá de fato. Somente assim você vai conseguir visualizar como a educação acontece.
... a brincadeira corre livre 
É importante ter a brincadeira dirigida, mas a espontânea também tem muito valor. O espaço garante autonomia às crianças na sala? Com 1 ano de idade, ela tem objetos acessíveis e adequados para pegar, para escolher? Ou está tudo no armário dependendo de o professor pegar? Escolher o brinquedo tem que ver com aprender a se vestir, aprender a amarrar o sapato. Tudo pode ser feito, com autonomia e supervisão, e de forma gradativa. "Se a sala tem só alfabeto e não tem brinquedo, há algo errado. E não é preciso ser só brinquedo industrial, pode ter sucata, pedrinha", afirma a educadora Karina Lopes.
... gosta do método de aprendizado
Isso engloba tudo: se usam tinta e argila, se há lição de casa, se fazem passeios de exploração do meio, se organizam jogos, se trabalham por temas, se usam livros, se incentivam a leitura, como tratam a alfabetização. Os pais têm de saber o que buscam para o seu filho. "Muitos vêm com o discurso: ‘Não estou preocupado com que ele aprenda agora’. Mas é impossível! Ele aprende o tempo todo", diz o educador Marcelo. E esse aprender entrelaça-se com o brincar. A criança está mais do que nunca na fase das experimentações. Mexer com tintas e artes, por exemplo, aborda o convívio social e os novos olhares sobre uma mesma "coisa". Mexer com terra dá à criança um envolvimento mais direto com questões ambientais. "E tinta e terra não é 'bagunça de criança'. Esses materiais têm um porquê, um planejamento", afirma Marcelo.
Verifique também como é feita a avaliação do rendimento da criança. Não é uma questão de nota ou de comparar seu filho com os amigos, mas de saber como está o desenvolvimento dele, emocional e intelectual. Também investigue como a escola trata dificuldades de aprendizagem. Todos aprendem de forma sistemática ou seguem o ritmo de cada criança? E o que acontece com os que se atrasam? Há aula de reforço? Perguntas que você pode, e deve, fazer nas entrevistas.
... lidam bem com a disciplina 
Deixe os preconceitos de lado e entenda de fato como é abordada a questão de disciplina na escola que você visita. Como se trabalham direitos e deveres? Que importância se dá à questão dos limites? Não é porque a escola é "moderna" que é liberal. E nem porque é tradicional que é linha dura. Até nas escolas chamadas de democráticas, existem regras, decididas em assembléias gerais para colocar ordem na convivência. Há maneiras de descobrir como a escola age, se há castigo, se há respeito e impõe respeito às crianças e como acha que a família influencia nisso. Converse sobre o assunto, pergunte como eles lidam com o aluno que "coloca fogo na classe". E avalie se eles conduzem a situação como você faria em sua casa.
... o espaço também é educativo
A escola deve ter uma área iluminada, gostosa. Não pode ser apenas um quintal adaptado. Pense: será que meu filho vai se sentir estimulado nesse espaço? Como são as cores, as paredes, o que vai fazer parte do campo de visão diário do seu filho? Por outro lado, você precisa checar se o local é seguro, se seu filho vai conseguir se virar bem sozinho sem precisar de cuidados o tempo todo. "Numa escola, todos os espaços são educativos. É como um pátio que só existe para que as crianças corram e corram: tem de pensar, por exemplo, que elas podem não querer ficar correndo o tempo inteiro, podem querer uma sombra gostosa, uma casinha de boneca, um lugar para levar um jogo, sentar", diz a pedagoga Maria da Graça, que estudou profundamente o espaço nas escolas e lançou Sabores, Cores, Sons, Aromas – A Organização dos Espaços na Educação Infantil (Editora Artmed).
... vai além do conteúdo da TV 
Na escola há música, televisão, aparelho de DVD? E livros? Existem datas comemorativas ou as crianças aprendem cultura popular, erudita, nacional e internacional ao longo do ano? Há passeios culturais? De que forma se trabalha com lixo reciclável ou voluntariado? A escola pode, sim, fazer muito mais pelo seu filho do que reproduzir o repertório da televisão e das datas pré-estabelecidas. E em qualquer idade. Mesmo os pequenos podem tirar proveito do prazer de conhecer uma obra de arte. Muito além do dia do índio, do dia da árvore...
... cuidam bem da alimentação 
O que a criança come na escola também faz parte do que ela aprende lá. Se o lanche é oferecido por eles, veja se é saudável, bem cuidado. Se há uma cantina, cheque o que oferecem, o que a criança vai poder comprar. Também é importante saber dos combinados sobre o assunto: pode levar bala, salgadinhos, refrigerante? Tudo depende do que você acha bom servir para seu filho...
... seguem uma rotina 
Ter horário para fazer as coisas demostra organização e bom aproveitamento do tempo. Além de trazer segurança para a criança. Cheque se o período que seu filho passa na escola é bem dividido: tempo para brincar, conversar, tomar lanche, descansar, pintar. A escola não é a casa da avó onde tudo pode a qualquer hora. 
... os valores combinam com os seus 

Você pode por algum motivo se encantar com o estilo de uma ou de outra, mas não pode se deixar levar. "Já tivemos de chamar pais e perguntar: será que é essa mesmo a escola para o seu filho? Para a parceria dar certo, os pais precisam confiar", afirma a educadora Renata, da Escola Viva, que adota uma linha educacional na concepção construtivista. Karina Lopes, do MEC, dá um exemplo extremo. "Se eu acho que apanhar educa e a escola acha isso um absurdo, não vai dar certo. Se você quer que seu filho aprenda a ler com 4 anos de idade e a prioridade daquela escola não é a alfabetização nessa fase, também não dá. As idéias têm de bater, senão quem perde é a criança."
... os pais parecem felizes 
Não há nada demais em buscar referências com colegas ou pais que você conheça na porta da escola. Eles podem ajudá-la a compreender como funciona na prática o projeto pedagógico. A troca de idéias é sempre uma ótima pedida. E ela não precisa parar nunca.
... acolhem bem o seu filho 
Certeza mesmo você só vai ter no dia a dia, mas uma visita com a criança na escola pode ajudar bastante antes de você tomar a decisão. Mas saiba que, em educação, nada é definitivo. Mesmo que não saiba falar, ele pode, e muito, mostrar a você se gosta ou não da escola. Sempre depende do jeito como ele entra e sai, de quanto ele fica bem nela, de quanto é acolhido por todos os funcionários. Ninguém melhor do que você para ajudá-lo a interpretar os sentimentos.

MATÉRIA PUBLICADA NA REVISTA CRESCER.

Eu sou a Kamilly, muito prazer!

(Foto da minha filha Kamilly de 6 anos)

Eu sou Down, e daí, sou diferente?
Não, sou igual a toda gente.
Que nasce, cresce e precisa de amor,
para evoluir, ser feliz, viver e amar.
Meu coração sempre de criança...pequenino
Cabe em qualquer cantinho, em qualquer lugar.
Se Deus me fez diferente,
é porque alguma coisa ele queria provar,
quem sabe, quis mandar anjos ao mundo pra você notar.
Não me preocupo com guerra,
nem com a violência que têm aqui na terra.
Sou como um pássaro, livre para poder voar.
Sinto nas pessoas o carinho,
também sei dar, do meu jeitinho, muito carinho
para qualquer um, que de mim se aproximar
Não me veja diferente!
Me veja como gente... 

ou, como um anjo que veio para te guiar.



Música legal para trabalhar o preconceito com as crianças!

(Foto de uma criança branca abraçada com uma criança negra)

Você Vai Gostar de Mim - Xuxa


Tem gente que é loirinha pra valer
Tem gente com o cabelo de cachinho
Tem gente que parece que só faz crescer...
Tem gente que é chamada de baixinho.

Eu sou diferente de você
Você é diferente de mim
Eu sou diferente de você
E mesmo assim,
Você vai gostar de mim...

Tem gente que não pode ver você
Tem gente que tem olho puxadinho
Tem gente que usa as mãos pra se mover
E tem quem mova mundo por mim...

Eu sou diferente de você
Você é diferente de mim
Eu sou diferente de você
E mesmo assim,
Você vai gostar de mim...

Tem gente tão fina que nem se vê
Tem sempre um que é o mais gordinho
Tem gente com degraus pra vencer
E só depende de um empurrãozinho...

Tem gente que vai e surpreender
Parece que a alegria não tem fim
Tem gente com encanto pra viver
É gente com o pó de pilim-pim-pim...

Eu sou diferente de você
Você é diferente de mim
Eu sou diferente de você
E mesmo assim,
Você vai gostar de mim...

Desvendando a deficiência intelectual

(Foto de crianças em sala de aula, e suas cabeças sendo representadas por círculos de estatísticas)

Entrevista com Marina Almeida, consultora em Educação Inclusiva

Quem nunca ouviu, nunca disse ou pelo menos nunca pensou algo como: “as pessoas com deficiência intelectual são doentes; elas são muito dependentes e só têm ‘condições mentais’ de trabalhar em instituições especializadas”; “elas são como crianças e vivem num extremo: ou são agressivas ou são muito ‘grudentas’”? Isso já deve ter lhe ocorrido, ou não?
Há muitos mitos sobre a deficiência intelectual, mas felizmente há ainda mais verdades sobre ela. Para aprender a lidar melhor com os portadores dela, é preciso entender o que ela significa: não se trata de uma doença, e sim de uma “condição”, que pode, sim, ser consequência de uma doença.
Para saber mais sobre a deficiência intelectual e sobre como lidar com seus portadores, desvendando mitos e verdades, conversamos com Marina Silveira Rodrigues Almeida, psicóloga, pedagoga, psicopedagoga e consultora em Educação Inclusiva do Instituto Inclusão Brasil.
Revista Educação Pública – O que é deficiência intelectual?
Marina Almeida - Deficiência intelectual ou atraso mental é um termo que se usa quando uma pessoa apresenta certas limitações no seu funcionamento mental e no desempenho de tarefas como as de comunicação, cuidado pessoal e de relacionamento social. Essas limitações provocam maior lentidão na aprendizagem e no desenvolvimento dessas pessoas.
Revista Educação Pública – O que pode ocasionar a deficiência intelectual?
Marina Almeida - Os investigadores encontraram muitas causas da deficiência intelectual. As mais comuns são: condições genéticas; problemas durante a gravidez; problemas ao nascer; e problemas de saúde, como sarampo ou meningite, quando não são tomados todos os cuidados necessários. A má nutrição extrema ou a exposição a venenos como mercúrio ou chumbo também podem originar problemas graves para o desenvolvimento mental das crianças.
Nenhuma dessas causas produz, por si só, deficiência mental. No entanto, constituem riscos, uns mais sérios outros menos, que convém evitar tanto quanto possível. Por exemplo, uma doença como a meningite não provoca forçosamente atraso mental; o consumo excessivo de álcool durante a gravidez também não; todavia, constituem riscos demasiado graves para que não se procurem todos os cuidados de saúde necessários para combater a doença, ou para que não se evite o consumo de álcool durante a gravidez.
Revista Educação Pública – Quando vimos deficientes intelectuais inseridos na sociedade nos damos conta do quanto é possível que eles sejam independentes e capazes. Imagino que essa independência dependa do grau de deficiência e de como essa pessoa foi estimulada e preparada.
Marina Almeida - Os prejuízos no funcionamento adaptativo são usados como referência, já que é a maneira como cada um enfrenta as exigências próprias da vida e o grau em que põe em prática a independência pessoal, de acordo com sua idade e com as experiências socioculturais no contexto onde está inserido.
Sendo assim, sofre influências de vários fatores, dentre eles: características pessoais, oportunidades sociais, motivação, educação, treinamento, bem como suas necessidades práticas e suas condições médicas gerais.
Atualmente, deve-se levar em conta o grau de comprometimento funcional e não a classificação que leva em conta o QI, qual seja retardo leve, moderado, severo ou profundo. O importante é saber em que área a pessoa com deficiência intelectual necessita de apoio, observando critérios qualitativos (adaptativos) de avaliação que consideram mais a pessoa sob o ponto de vista das oportunidades e autonomia do que sua classificação (QI).
A discriminação em relação à pessoa deficiente ocorre por conta do contexto social, e não pela deficiência que apresenta; de sua limitação, e não das dificuldades inerentes à deficiência. Isso é o que temos encontrado nos empresários em geral quando precisam cumprir a lei de cotas.
Verificamos sérios mitos e estereótipos nesse impedimento da contratação. Citaremos alguns: não é bom para a imagem da empresa ter pessoas com deficiência intelectual; elas não se relacionam bem, cometem demasiadamente erros, não interagem com as equipes de empregados, apresentam dificuldades de arrumar postos de trabalho/vagas onde possam desempenhar-se com sucesso, não são competitivos e atrapalham a produção dos resultados da empresa etc.
Notamos que essas observações são baseadas em mitos e preconceitos em relação à pessoa com deficiência intelectual como alguém desprovido de maturidade, autonomia e independência.
Numa visão geral, o processo de exclusão historicamente imposto às pessoas com deficiência deve ser superado por intermédio da implementação de políticas inclusivas, ações afirmativas e pela conscientização da sociedade acerca das potencialidades dessas pessoas.
Para fins da inserção das pessoas com deficiência intelectual no mercado de trabalho, defendemos os princípios do Emprego com Apoio.
O deficiente intelectual, podendo ser uma pessoa com síndrome de Down, deverá ter as mesmas oportunidades para obter seu emprego; porém, dentro de sua singularidade, deverão ter respeitadas suas necessidades por meio dos níveis de apoio necessários para sua efetiva inserção no mercado de trabalho e redes de apoio necessárias para promover sua autonomia.
Revista Educação Pública – É preciso se policiar para não ser preconceituoso e tratar essas pessoas como eternas crianças. Falando sobre os adolescentes com deficiência intelectual, em especial, como devemos lidar com eles?
Marina Almeida - Lidar com a diversidade seja ela com pessoas com deficiência, racial, social, econômica ou religiosa, não é fácil. Mas é tarefa de quem educa, pais ou professores. Porque aprender a viver em comunidade é saber lidar com as diferenças de qualquer natureza. Na era da globalização, o grande desafio reside na valorização de diferentes culturas para que elas se completem e se ajudem.
O preconceito nasce do medo e da ignorância. O exercício da tolerância só é possível por meio do conhecimento e passa pela consciência de que não somos donos da verdade. Mas uma pergunta é necessária: qual é nosso papel? Reproduzir a violência ou ajudar os nossos filhos numa análise crítica diante dos fatos e ter em nós como modelos respeitosos frente às diferenças?
Constantemente esquecemos que as crianças e adolescentes tiram lições mais proveitosas da nossa postura diária diante dos fatos do que de longos discursos teóricos. E isso acontece desde muito cedo. Eles observam nossa relação com a empregada, com o porteiro, com os funcionários da escola.
Nessa observação levam em conta não somente a forma como nos dirigimos a eles nos fatos mais corriqueiros, mas a maneira como lidamos com suas ideias a respeito do mundo. Tudo é registrado, ainda que inconscientemente: nossas inquietações, contradições – e quem não as tem? Mais importante do que evitar as contradições é conseguir conversar sempre com os filhos sobre o polêmico e sobre o já estabelecido, mantendo fortalecida uma dimensão afetiva, respeitosa e ética nas relações humanas.
A partir do reconhecimento de que temos preconceitos, é mais fácil mudar nosso comportamento e perceber que existem muito mais coisas que nos unem do que coisas que nos separam.
As pessoas com deficiência são pessoas como nós: têm sonhos, medos, esperança, raiva... Chegue perto delas e você vai comprovar isso.
Revista Educação Pública – Como deve ser um ambiente escolar que ajude a criança ou o adolescente com deficiência intelectual a se adaptar aos seus professores e colegas e vice-versa?
Marina Almeida - Nenhuma sociedade se constitui bem-sucedida se não favorecer em todas as áreas da convivência humana o respeito à diversidade. Para que haja um ensino produtivo e eficaz há de se considerar as características e peculiaridades de cada aluno. O sistema educacional deve direcionar as respostas que dará a cada um e a todos os seus alunos.
A escola deve ser o espaço no qual se deve favorecer a todos os cidadãos o acesso ao conhecimento e o desenvolvimento de competências, a possibilidade de apreensão do conhecimento historicamente produzido pela humanidade e de sua utilização no exercício efetivo da cidadania.
Escola inclusiva é aquela que garante a qualidade de ensino a cada um de seus alunos, reconhecendo e respeitando a diversidade e respondendo a cada um de acordo com suas potencialidades e necessidades.
Uma escola somente poderá ser considerada inclusiva quando estiver organizada para favorecer cada aluno, independentemente de etnia, sexo, idade, deficiência, condição social ou qualquer outra situação.

Você sabe lidar com alunos portadores de deficiência intelectual? Leia as dicas da professora Marina Almeida para professores e alunos.


Aprendizagem cooperativa: o professor coloca os alunos em grupos de trabalho, juntando alunos com dificuldades em determinada área com alunos mais habilidosos nesse assunto. Na aprendizagem cooperativa, os alunos trabalham juntos para atingir determinados objetivos. A descoberta de interesses mútuos permite a eles explorar assuntos junto com colegas que têm interesses comuns. As estratégias de aprendizagem cooperativa melhoram as atitudes diante das dificuldades de seus colegas com ou sem deficiência e, simultaneamente, eleva a autoestima de todos.
Estratégias de aprendizagem criança a criança: oferecem a oportunidade de compreender melhor as pessoas que, por qualquer motivo, são diferentes (maneira de vestir, crenças, língua, deficiências, raça, capacidades). Quando as crianças compreendem que toda criança é diferente, deixam de fazer brincadeiras cruéis e podem se tornar amigos.
Ensino por colegas: método baseado na noção de que os alunos podem efetivamente ensinar seus colegas. Nesse método, o papel de aluno ou de professor pode ser atribuído a qualquer aluno (com deficiência ou não) e alternadamente, conforme as matérias em estudo ou as atividades a desenvolver. Diversos estudos demonstram que os alunos que fazem o papel de professor podem, às vezes, ser mais eficazes que os adultos para ajudar a desenvolver a leitura ou ensinar conceitos de matemática. Pode ser que isso aconteça porque eles têm mais familiaridade com a matéria que está sendo ensinada, por compreenderem melhor a frustração dos colegas ou por usar vocabulário e exemplos mais adequados à sua idade. Além disso, a aprendizagem por intermédio dos colegas pode ser também positiva para as crianças que ensinam, melhorando seu desenvolvimento acadêmico e social. 
Apoio entre amigos: é uma forma específica de aprendizagem com colegas na qual o envolvimento acontece principalmente com assuntos extra-escolares. Por exemplo: um amigo pode ajudar um aluno com deficiência física a se sentar na carteira ou pode acompanhá-lo antes e depois das aulas. 
Círculo de amigos: é uma estratégia para que os alunos de uma turma recebam um novo colega com deficiência e aprendam a conhecê-lo e ajudá-lo a participar de atividades dentro e fora da escola. Inicialmente, organiza-se uma espécie de “comitê de boas-vindas”, formado por alunos que diariamente poderão fazer visitas ou manter conversas por telefone com o novo colega e saber das suas experiências no novo ambiente escolar. O professor funciona como facilitador para criar o círculo de amigos e pode dar apoio, orientação e conselhos, à medida que o resto da classe vai sendo agregado ao círculo inicial.
Revista Educação Pública – Muitas vezes o educador precisa impor limites e até mesmo questionar e criticar seus alunos. Mas como fazer isso com os alunos com deficiência intelectual?
Marina Almeida - Da mesma maneira que faz com os demais alunos: com regras, sanções e elogios nas situações que logram sucesso.
Revista Educação Pública – Costumamos dizer que lidar com o ser humano é uma arte e um aprendizado diário. Você considera que o lidar com as pessoas com deficiência intelectual é se deparar com outro paradigma? O que o educador pode obter como aprendizado desse convívio?
Marina Almeida – Aprendemos muito com essas pessoas, como por exemplo:
·         a lidar com as diferenças individuais;
·         a respeitar os limites do outro;
·         a partilhar processos de aprendizagem.
·         a compreender e aceitar os outros;
·         a reconhecer as necessidades e competências dos colegas;
·         a respeitar todas as pessoas;
·         a construir uma sociedade mais solidária;
·         a desenvolver atitudes de apoio mútuo;
·         a criar e desenvolver laços de amizade;
·         a preparar uma comunidade que apoia todos os seus membros;
·         a diminuir a ansiedade diante das dificuldades.
Revista Educação Pública - Podemos dizer que educar é estimular os alunos a pensar sozinhos, a buscar suas próprias respostas, a questionar etc. Com relação a essas funções, quais são os diferenciais da educação de alunos com deficiência intelectual?
Marina Almeida - Quando recebemos um aluno com deficiência, somos estimulados a rever nossa prática e a buscar outras formas de ensinar. A cooperação em sala de aula pode ser um fator importante para a inclusão das pessoas com deficiência, pois permite interação e troca entre os alunos. O desenvolvimento de algumas estratégias pode ser decisivo para criar um ambiente de cooperação em que aqueles alunos que têm mais habilidades em alguma matéria possam ajudar aqueles com menos habilidades.
Educação Inclusiva pressupõe que todas as crianças tenham a mesma oportunidade de acesso, de permanência e de aproveitamento na escola, independentemente de qualquer característica peculiar que apresentem ou não. Para que isso ocorra, é fundamental que as crianças com deficiência tenham o apoio de que precisam, isto é, acesso físico, equipamentos para locomoção, comunicação (tecnologia assistiva) ou outros tipos de suporte. Mas o mais importante de tudo é que a prática da Educação Inclusiva pressupõe que o professor, a família e toda a comunidade escolar estejam convencidos de que:
·         o objetivo da Educação Inclusiva é garantir que todos os alunos com ou sem deficiência participem ativamente de todas as atividades na escola e na comunidade;
·         cada aluno é diferente no que se refere ao estilo e ao ritmo da aprendizagem, e essa diferença é respeitada numa classe inclusiva;
·         os alunos com deficiência não são problema. A Escola Inclusiva entende esses alunos como pessoas que apresentam desafios à capacidade dos professores e das escolas para oferecer uma educação para todos, respeitando a necessidade de cada um;
·         o fracasso escolar é um fracasso da escola, da comunidade e da família que não conseguem atender as necessidades dos alunos;
·         todos os alunos se beneficiam de um ensino de qualidade, e a Escola Inclusiva apresenta respostas adequadas às necessidades dos alunos que apresentam desafios específicos;
·         os professores não precisam de receitas prontas. A Escola Inclusiva ajuda o professor a desenvolver habilidades e estratégias educativas adequadas às necessidades de cada aluno;
·         a Escola Inclusiva e os bons professores respeitam a potencialidade e dão respostas adequadas aos desafios apresentados pelos alunos;
·         é o aluno que produz o resultado educacional, ou seja, a aprendizagem. Os professores atuam como facilitadores da aprendizagem dos alunos, com a ajuda de outros profissionais, tais como professores especializados em alunos com deficiência, pedagogos, psicólogos e intérpretes da língua de sinais.

Educação Pública



Bullying e a criança com deficiência.


(Desenho de uma cena de bullying, com o selo de proibido em cima)

O bullying se tornou um dos grandes temas de debate na sociedade. São vítimas de bullying todos aqueles considerados “diferentes” da maioria, principalmente quando crianças, inclusive quem tem deficiência.
Palavras ofensivas, isolamento, ou até mesmo agressões físicas são os principais artifícios para quem quer provocar o bullying. Mas, como identificar se alguém está sofrendo estas “agressões”? A revista “Nova Escola”, especializada em Educação, orienta, em artigos e reportagens, que os professores identifiquem os sintomas de quando notar alguma mudança de comportamento do aluno, principalmente quando ele possui deficiência. Pois, segundo a revista, a criança com deficiência não tem habilidades físicas ou emocionais para se defender dos ataques.
Em pesquisa sobre o tema, realizada com 18 mil estudantes, professores, funcionários e pais, em 501 escolas em todo o Brasil, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) constatou que 96,5% dos entrevistados admitem o preconceito contra pessoas com deficiência, principalmente pela falta de informação em relação ao assunto.

Dicas:
A revista dá dicas de como professores devem agir em casos de bullying com estudantes com algum tipo de deficiência.
- Conversar abertamente sobre a deficiência do aluno com todos na presença dele;
- Adaptar a rotina para facilitar a aprendizagem sempre que necessário;
- Chamar os pais e a comunidade para falar de bullying e inclusão;
- Exibir filmes e adotar livros em que personagens com deficiência vivenciam contextos positivos;
- Focar as habilidades e capacidades de aprendizagem do estudante para integrá-lo à turma;
- Elaborar com a escola um projeto de ação e prevenção contra o bullying.

Falta orientação aos professores
O pedagogo Giovani Machado, especialista em educação inclusiva, adverte que os professores não estão preparados para lidar com bullying em sala de aula. “Faculdade não prepara os futuros professores para trabalhem esses assuntos atuais. A sala de aula não é mais homogênea, como dizem. Temos que aprender no dia-a-dia mesmo”, afirma o professor.





quarta-feira, 24 de agosto de 2011

10 mandamentos para pais de crianças especiais.

(Desenho do filme os incríveis, com pai, mãe e os 3 filhos)


1. Vivam um dia de cada vez, e positivamente. Vocês não têm controle sobre o futuro, mas tem controle sobre o hoje.


2. Nunca subestimem o potencial do seu filho. Dê-lhe espaço, encoraje-o, esperem sempre que ele se desenvolva ao máximo das suas capacidades. Nunca se esqueçam da sua capacidade de aprendizagem, por pequena que seja.

3. Descubram e permitam mentores positivos: familiares e profissionais que possam partilhar com vocês a experiência deles, dando conselhos e apoio.

4. Proporcionem e estejam envolvidos com os mais apropriados ambientes educacionais e de aprendizagem para o seu filho desde a infância.

5. Tenham em mente os sentimentos e necessidades do seu cônjuge e dos seus outros filhos. Lembre-lhes que esta criança especial não tem mais do seu amor pelo fato de passar com ele mais tempo.

6. Respondam apenas perante a sua consciência: poderão depois responder ao seu filho. Não precisam justificar as suas ações aos seus amigos ou ao público.

7. Sejam honestos com os seus sentimentos. Não podem ser super-pais 24 horas por dia. Permitam-se sentir ciúmes, zanga, piedade, frustração e depressão em pequenas quantidades, sempre que for necessário.

8. Sejam gentis para consigo mesmo. Não foquem continuamente naquilo que precisa ser feito. Lembrem de olhar para o que já conseguiram atingir.

9. Parem e cheirem as rosas. Tirem vantagem do fato de terem ganhado uma apreciação especial pelos pequenos milagres da vida que os outros dão como garantidos.

10. Mantenham e usem o sentido de humor. Desmanchar-se a rir pode evitar que sejam desmanchados pelo stress.



Postado por Mari, em http://pragentemiuda.blogspot.com

Oração da criança especial!

(Desenho de um menino com Síndrome de Down, com as mãozinhas postas à orar)

Bem-aventurados os que compreendem o meu estranho passo a caminhar,

Bem-aventurados os que sabem que meus ouvidos têm de se esforçar para compreender o que ouvem,

Bem-aventurados os que compreendem que ainda que meus olhos brilhem, minha mente é lenta,

Bem-aventurados os que olham e não vêem a comida que eu deixo cair fora do prato,

Bem-aventurados os que, com um sorriso nos lábios, me estimulam a tentar mais uma vez,

Bem-aventurados os que nunca me lembram que hoje fiz a mesma pergunta duas vezes,

Bem-aventurados os que compreendem que me é difícil converter em palavras os meus pensamentos,

Bem-aventurados os que me escutam, pois eu também tenho algo a dizer,

Bem-aventurados os que sabem o que sente o meu coração, embora não possa expressar,

Bem-aventurados os que me amam como eu sou, tão somente como eu sou...

Não como eles gostariam que eu fosse.